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21/09/2020


O termo Sistema S aparece com frequência no noticiário para se referir a nove instituições prestadoras de serviços que são administradas de forma independente por federações e confederações empresariais dos principais setores da economia. Apesar de prestarem serviços de interesse público, essas entidades não são ligadas a nenhuma das esferas de governo.
Estão no grupo tanto organizações voltadas à educação profissional, como:
» Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai);
» e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac).


Quanto outras voltadas para a prestação de serviços ligados ao bem estar social, como:
» Serviço Social do Comércio (Sesc);
» e o Serviço Social da Indústria (Sesi).


Completam a lista:
» Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar);
» Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop);
» Serviço Social de Aprendizagem do Transporte (Senat);
» Serviço Social de Transporte (Sest);
» e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).


Mantidas com recursos das empresas de cada setor, essas organizações oferecem um conjunto variado de serviços à população, como escolas, cursos técnicos, pesquisas, atividades culturais e esportivas.
A Agência Brasil explica esta semana como funcionam essas entidades, que, apesar de administrativamente separadas, têm muitas semelhanças entre si, além da letra S no início de suas siglas.


História
A história do que hoje é chamado de Sistema S começa oficialmente em 22 de janeiro 1942, com o decreto do então presidente Getúlio Vargas, que criou o Senai, a mais antiga organização do grupo. A fundação do serviço de aprendizagem durante o Estado Novo (1937-1945) faz parte de uma tentativa de avançar na industrialização do país, qualificando a mão de obra operária.
Desde sua fundação, o Senai já teve mais de 70 milhões de alunos, e o número atual de matrículas está em cerca de 2,4 milhões. A oferta de vagas acompanha o desempenho da economia e já chegou a ser de 4 milhões em 2014.
Com a queda de Getúlio Vargas e a redemocratização, foram criados em 1946 o Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac) e os serviços sociais da indústria e do comércio, Sesi e Sesc, inspirados pela Carta da Paz Social, em que representantes patronais se comprometem a melhorar as condições de trabalho.
Em 10 de janeiro de 1946, um decreto do ex-presidente José Linhares (ficou no cargo de 29 de outubro de 1945 a 31 de janeiro de 1946) atribui à Confederação Nacional do Comércio (CNC) a função de organizar e administrar escolas de aprendizagem comercial, o Senac. Já em 13 de setembro do mesmo ano, outro decreto presidencial, agora do ex-presidente Eurico Gaspar Dutra, atribui à CNC as mesmas responsabilidades sobre um serviço social para "o bem-estar social e a melhoria do padrão de vida dos comerciários e suas famílias, e, também, para o aperfeiçoamento moral e cívico da coletividade".
Dutra já havia determinado em 25 de junho de 1946 que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) criasse e administrasse o Sesi, "com medidas que contribuam para o bem-estar social dos trabalhadores na indústria e nas atividades assemelhadas, concorrendo para a melhoria do padrão geral de vida no país, e, bem assim, para o aperfeiçoamento moral e cívico e o desenvolvimento do espírito de solidariedade entre as classes".
O quinto serviço mais antigo do Sistema S é o Sebrae, criado em 1972 e, diferentemente dos demais, vinculado ao governo federal. Um fato curioso é que sua sigla na época começava com C, por ser o Centro Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Só a partir de 1990, a entidade transformou-se num serviço social autônomo, trocando o C pelo S de serviço.
Em 1991, foi criado o Senar, para a aprendizagem rural, e, em 1993, foi a vez do Sest e Senat, para a assistência e o treinamento de trabalhadores dos transportes. A lista continuou em 1998, com o Sescoop, para a aprendizagem dos trabalhadores de cooperativas.


Serviços
As entidades do Sistema S cresceram ao longo das décadas e ampliaram o leque de serviços oferecidos. O Senai, por exemplo, além dos cursos profissionalizantes, atua de forma relevante nas áreas de metrologia e pesquisa, ajudando nas certificações e aprimoramentos de produtos e cadeias de produção.
Seu equivalente para o comércio e os serviços, o Senac oferece uma gama de atendimentos prestados por seus alunos e profissionais que vão de saúde e beleza a hospedagem. Já o Sesi e o Sesc têm escolas, teatros, serviços de saúde, clubes esportivos, prêmios de incentivo à cultura e uma extensa programação de eventos artísticos e culturais em todas as regiões do país.
As ações e serviços chegam a municípios de todos os estados, inclusive com escolas que funcionam em unidades móveis e itinerantes, e os trabalhadores e empresários interessados devem pesquisar o que está disponível em sua região ou no formato virtual.
Sebrae, Sest Senat, Senar e Sescoop também oferecem cursos de atualização e especialização, capacitação, consultorias, parcerias para micro e pequenas empresas e cooperativas e uma série de eventos e palestras presenciais e a distância.


Pandemia
Além da oferta cursos e serviços online para a população em quarentena, as entidades do Sistema S atuaram para reforçar as respostas da sociedade e do poder público à pandemia do novo coronavírus em diversas frentes. O Sesc, por exemplo, mobilizou seu banco de alimentos, o Mesa Brasil, em prol da segurança alimentar das famílias impactadas pela paralisação das atividades econômicas. Segundo o diretor-geral do Sesc, Carlos Artexes, o volume de alimentos doados chegou a 40 milhões de quilos distribuídos em todo o país.
"Atuamos em todos os estados e fizemos uma coleta extraordinária de alimentos. O Sesc faz isso há muitos anos e entendemos que tínhamos que dar prioridade a esse atendimento", disse ele, que defende a importância da promoção do bem-estar social para a construção empresas de alto nível, além de benefícios para a sociedade.
"Nosso grande desafio é que vamos viver um momento muito difícil. O aumento da pobreza no Brasil é um registro evidente, e, portanto, vamos ter que atuar não só no campo da assistência e da saúde como na questão do lazer, que se torna fundamental, e no campo da própria educação formal", afirmou.
Entre outras ações, o Sebrae, por sua vez, lançou editais para apoiar micro e pequenas empresas de diversos setores. Em uma das chamadas públicas, aberta no Rio de Janeiro, foi oferecido apoio a setores como os de panificação e confeitaria, instalações prediais, indústria moveleira fluminense e de moda.
Já o Sesi São Paulo incluiu na resposta à pandemia a possibilidade de testagem para covid-19 nas empresas, além de orientações sobre a escolha do teste mais indicado e outras medidas de prevenção e segurança.

Fonte: EBC

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